sábado, 29 de março de 2008

A Blogostética

Realmente os blogs revolucionaram a internet e foram o carro chefe da tão famosa web2.0. A verdade de que vivemos numa nova era da internet já está muito mais que certa e todos sabemos disso por senso comum. Mas, ao olhar os blogs, não conseguimos mais diferenciar muito bem como era a internet dos tão distantes anos 90 e como, com o surgimento dessa ferramenta, ela foi afetada e se transformou no que é agora.

Diria um grande comunicólogo canadense, Marshall McLuhan, que, enfim, estamos sendo retribalizados e começamos a viver numa espécie de Aldeia Global. Porque retribalizados? Numa rápida explicação, as sociedades tribais tinham uma figura de uma pessoa (pajé ou seja lá o que for) que falava para toda a tribo, essa figura era a voz mais importante dali. Com o surgimento da imprensa de Gutemberg, começaram as grandes publicações de livros, e com isso, as pessoas voltaram para si mesmas, mergulhando na palavra escrita, na leitura, e com isso, a figura do alguém que falava para todos, acabou. Já com a web2.0, alguns autores dizem que o que McLuhan previu enfim se concretizou, um ambiente onde todos são geradores de conteúdo em potencial, onde todos têm a possibilidade de ler o que outros escreveram e publicar outra coisa contrária ou não. Indiscutivelmente a web2.0, que teve como fachada os blogs, propicia essa experiência de troca global de informações. Aqui vale a pena refletir sobre o quão credíveis são essas informações e sobre o quão credíveis são as informações dos meios ditos tradicionais (televisão, jornal, revista etc).

Outro ponto que vale citar é quanto ao conteúdo, mas não em relação ao usuário comum poder gerar o conteúdo, e sim sobre as empresas tentarem se enquadrar neste novo modelo. Muitas empresas criam blogs corporativos, como podemos ver da mozilla e do internet explorer. E outras simplesmente se sentem obrigadas a gerar conteúdo para colocar em sua página principal, ao invés de criar esses blogs corporativos. Acredito que essa demanda por sites com alguma espécie de blog em sua página principal, mas que possibilite também a navegação tradicional por itens estáticos, tenha feito os criadores de uma grande ferramenta, o Joomla, criarem-na.

E por último, mas não menos importante, eu reparo que a estética blog, como elemento visual, também afetou de maneira significante os sites web. Não é muito raro de se ver um site que todos juremos que é um blog, mas que, na realidade, não é um blog. As figuras bonitas no topo da página, a largura fixa, o posicionamento e a estética do menu, o uso das etiquetas de personalidade na direita ou embaixo, a organização das informações em formas semelhantes a posts, etc, são itens que denunciam a invasão da blogostética nos ditos sites tradicionais. Na minha memória, eu guardo que nos anos 90, a moda era fazer sites diferente, com uma experiência diferente com o menu, os menus tinham formas, cores e posicionamentos mais diferentes possíveis.

Ao meu ver, existe uma grande diferença da preocupação quanto o desenvolvimento de sites nos anos 90 e agora. Nos anos 90 havia uma preocupação muito grande com a estética, mesmo que não houvesse tecnologia suficiente para nos dar liberdade de fazer qualquer coisa. O desenvolvimento da tecnologia necessária acabou gerando a nossa web2.0, que, de alguma forma, não se importa muito com a estética e sim com o conteúdo. Afinal, o grande nome da web colaborativa que é o Google, em geral, não possui layouts muito chamativos e sim funcionais e simples.