quinta-feira, 9 de julho de 2009

A cultura do Free

Já dizia o velho ditado: "Não existe almoço grátis". Mas o termo "velho" cai muito bem aí, parece que algo está mudando em nossa economia, parece que agora a cultura do free impera.
Na semana passada eu estava conversando com alguns amigos sobre essa mudança de paradigma econômico, que agora as pessoas se recusam a pagar por alguns tipos de serviços, principalmente os serviços online. Quem que lê este blog que paga algum serviço online?
Eu, pessoalmente, pago somente o flickr e acredito que me recusaria a pagar algum outro seviço online. Há algum tempo atrás rolou um buzz muito grande no ciberespaço devido a uma decisão da last.fm. O site decidiu cobrar uma taxa, aproximadamente R$6,00 por mês, para usuários de alguns países. Isso, por motivos óbvios, incluiu o Brasil, país onde todos queremos almoço grátis o tempo todo, principalmente no mundo virtual. Eu não acho que esse preço seja abusivo. Acho muito compatível com o poder aquisitivo de um classe média brasileiro que tenha uma banda larga e que escute música de todos os mais variados ritmos o dia todo.
Bom, continuando o raciocício da mudança de paradigmas sócio-econômico-culturais, em debate com um amigo, formado em história, ele levantou uma hipótese de que nada mudou. Que tudo continua a mesma coisa: as pessoas querem tudo pelo menor preço, e esse preço agora é o grátis.
Algumas correntes defendem que existe o banditismo (não aquele banditismo por falta de comida, sim aquele para ter o seu iPod, celular, Nike Shox etc, por questão de moda) porque o "cidadão" é hiperestimulado a consumir tudo aquilo o tempo todo, e como ele não possui um poder aquisitivo compatível para o consumo, a forma que ele encontrou de consumir foi roubando de quem pode consumir.
Então, nós todos somos hiperestimulados a consumir. Vemos placas de promoções o tempo todo, sempre dizendo que o preço é o menor, que parcela-se em 200x, que cobre-se qualquer oferta. A propaganda, o contexto e a nossa cultura nos faz querer consumir tudo o tempo todo, num frenesi alucinado (redundante, mas na cultura do hiperestímulo é permitido). E o ciberespaço não é diferente, e mais, é mais fácil conseguir algo grátis, como opções de software livre e ferramentas que rodam na nuvem de conexões. E se não existe grátis, é fácil, rouba-se, a pirataria está aí. Crackers quebram códigos de programas caríssimos o tempo todo.
Acha tudo uma palhaçada? O youtube deve ter um prejuízo de U$174,2 milhões este ano. Agora imagine a internet SEM o youtube, nossa globo, a fazenda, BBB, jeremias muito doido, tapa na pantera e outros. Imagine o youtube pago! Impossível.
Fato é que nossa economia muda um pouco, como tudo ela é levada ao seu extremo de consumo. E, coincidência ou não, o Chris Anderson, autor do livro "A Cauda Longa", lançou seu mais novo livro, entitulado "Free", disponibilizado também de forma free.

4 comentários:

Leo Lagden disse...

Essa é uma excelente discussão e que pelo visto nunca terá fim?
Como cobrar por serviços veiculados pela internet?
Pirataria, cópias ilegais...tantos assuntos que merecem destaque.
Excelente post.
Coloquei um link lá no www.pandemiadigital.wordpress.com

anaenne disse...

interessante a discussão q vc propõe, gostei bastante do texto. Mas ao mesmo tempo, gosto bastante da possibilidade de uma utopia virtual do tudo free. Mas sei bem o mundo em q estamos. Bem, acho q isso sempre vai render boa discussão. bjos.

Unknown disse...

Acho que o desejo de ser free em produtos digitais (software, música, imagem...) ou em serviços (flick, last.fm...) esteja associado ao valor que as pessoas atrelam a esses produtos.
Como um software pode ser copiado de pessoa a pessoa, não existe um valor agregado visivel nesses produtos. Você POSSUI um CD no lugar de uma MP3, que pode ser perdida e baixada de novo.
O que pode estar mudando é o conceito de propriedade, e não o de valor. Estamos ficando como os Hobbits...

Reinam disse...

Mais de dois meses depois estou eu aqui pra comentar. Eu acho que a idéia do free é um atrativo, deveria ser mais para o sample. Eu acho que é esse o diferencial do modelo de marketing do Flickr, o serviço é ótimo, e para ter o algo a mais basta pagar. Não deixa de ser free, mas esse free está mais para sample.
Ainda temos fronteiras mesmo falando do ciberespaço, fronteiras culturais do mundo real, e os modelos de negócio on-line ainda estão se adaptando a cultura do povo brasileiro. Aqui ainda estamos adaptando a nossa cultura a cibercultura global, e os nossos modelos de negócio on-line ainda estão engatinhando.

=) Reinam.