sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ville de Québec, Québec, Canada

chateau frontenac
Um pouco de geografia:

Essa é outra cidade que possui um rio como referência. A Ville de Québec, como é chamada em francês, fica às margens do Rio São Lourenço, e há aproximadamente 180Km da principal cidade da província de Québec, Montréal. Ao contrário do que pode-se pensar, a capital da província não é a populosa Montréal, sim a pequenina e aconchegante Ville de Québec.
Esta província canadense possui um sentimento separatista muito grande, muito provavelmente gerado pela diferença na língua. Ao contrário do que se pensa, o Canadá não é bilingue no sentido de todos falarem duas línguas. Em Québec, as vezes, é raro encontrar quem fale inglês. O movimento separatista já tentou por quatro vezes criar um novo país, mas todas as vezes obtiveram insucesso.
O slogan separatista, que é exibido em peq
uenas placas em diversas casas da cidade e da província diz "Une nouvelle pays pour le monde, Québec."

Minhas percepções:

A cidade é muito agradável, acolhedora. Eu fui lá no final do outono, ou seja, as temperaturas já estavam abaixo de 0°, mas ainda sem neve (ahhhh). Mas essa temperatura dava clima especial à cidade, pessoas bem vestidas, mas sem roupas impermeáveis, poucos turistas nas ruas, um rink de patinação frequentado por crianças de todas as idades.
Québec ainda conta com um circuito, que é possível se fazer caminhando um dia todo a pé, onde você caminha às margens do Rio São Lourenço, passa pelas muralhas da "Citadelle", conhece os Champs de Bataille, as Plains d'Abraham, as Tour Martello que guardavam canhões para defender a costa, la Coline Parlamentaire, e ainda tem o Chateau Frontenac (foto acima), o Promenade des Governeurs que é um passeio próximo ao Frontenac com belíssimas paisagens e linhas dinâmicas para serem fotografadas.
Um pouco mais longe da cidade é possível encontrar uma cachoeira de 80m, a Chute Montmorency. Visitar esta cachoeira com temperaturas inferiores a 0° exige roupas bem quentes, pois o "vapor" d'água liberado pela queda dá uma sensação térmica muito inferior ao que realmente está. Estas gotículas d'água que escapam da queda formas incríveis esculturas de gelo mais abaixo da queda.

Como chegar?

A cidade conta com um pequeno e tímido aeroporto, sem muita estrutura, mais parecendo um aeroparque. Meu avião, bimotor turbohélice, da Jazz Aircanada, saiu de Toronto e em poucas horas estava em Québec.
Saí em direção à Montréal de trem, de uma estação muito charmosa, com a companhia Via Rail.
Além destes meios acredito que hajam ônibus que cheguem facilmente à cidade.

Uma música

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Oriximiná, Pará, Brasil


Um pouco da geografia:

Para começar a série, resolvi começar pela cidade de Oriximiná, que fica localizada no oeste paraense. A cidade, que é a princesa do Rio Trombetas, é pequena, e possui algo em torno de 50mil habitantes. O município, em área, é o 3º maior do mundo, ficando atrás apenas de um município na China e outro também no Pará.
A cidade é vizinha de Óbidos, a capital cultural da região. Este município possui 2 membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, Inglês de Souza e José Veríssimo.
Na região do oeste paraense existe um movimento que pretende criar um novo estado para aquela região, que muitas vezes é deixada de lado pelo Governo do Pará. O novo estado seria o Estado do Tapajós, e a capital Santarém.

Minhas percepções:

A cidade também possui as primeiras terras Quilombolas demarcadas do Brasil, o que foi uma vitória muito grande, esta população quilombola vive, em sua grande parte, nos rios Erepecuru, Erepecu e no Alto Trombetas, e são recheados de lendas e mitos, como o do boto, das cobras do Erepecu e Erepecuru, da igreja de ouro e muitos outros.
Oriximiná parece ser duas cidades dentro de uma, os que são da cidade e os que são do interior. As pessoas da cidade são muito simpáticas e receptivas, na cidade tudo é bem barato comparado ao custo de vida do Rio de Janeiro. No interior as pessoas rapidamente ficam muito íntimas e confiam muito em quem está lá com o status de pesquisador, elas são muito sinceras e carinhosas, nas comunidades o dinheiro não é algo tão necessário, eles vivem basicamente de extrativismo, o dinheiro se torna importante no relacionamento com a cidade, para comprar diesel, comidas que eles não plantam, remédios, motores e outros.
Algumas pessoas do interior vão estudar na cidade, percebi que tentam fazer cursos que sejam necessários ou úteis à comunidade, como cursos de saúde, para se tornar professor etc. Essas pessoas que vão estudar "fora" não veêm a hora de voltar para suas comunidades, elas quase não conseguem viver dentro da cidade, e sem suas casas tentam reproduzir um pouco da comunidade dentro da cidade.
O futebol carioca é muito presente nestas terras, e pude perceber, empiricamente, que o Vasco é o clube de maior aceitação lá, mas também existem muitos flamenguistas, são paulinos e corintianos. Naquela região eles torcem muito pelo São Raimundo, time de Santarém, recém promovido à série C, que sagrou-se campeão ao vencer o Macaé Sports, time da minha cidade aqui no Rio de Janeiro. Bela coincidência.

Porque Oriximiná?

Fui fazer um trabalho extencionista, através da minha faculdade, no Curso de Estudos de Mídia da Universidade Federal Fluminense. Quem me orientou e apoiou nessa empreitada foi a professora Ana Enne.

Como chegar:

Chegar à Oriximiná é mais que uma viagem, é uma missão. Saindo do sudeste brasileiro, pode-se ir até Manaus, Belém ou Santarém. E dessas cidades tomar um barco que vá até a princesa do trombetas. De Manaus demora-se algo em torno de 1 dia e meio de viagem, de Belém demora-se muito mais, e de Santarém eu não faço ideia.
Existe também a opção de tomar um pequeno avião em Santarém, através da Meta Linhas Aéreas.
Eu fiz o trajeto de barco partindo de Manaus, e foi uma ótima experiência. Ficar tanto tempo em um barco é bem legal. Mas infelizmente perigoso, frente aos vários acidentes que ouvimos histórias. Uma outra dica que deixo para viagens de barco é para tomar muito cuidado com seus pertences quando o barco atraca nos portos intermediários. Qualquer um pode entrar na embarcação e dizem que os roubos são uma constante. Felizmente não perdi nada.

Uma música



Veja também

Uma foto minha foi selecionada como "foto do dia" no site da Nationan Geographic Brasil.
O blog que escrevi durante o projeto ou o twitter do projeto
O portal do Ariuca

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um ano sem viagens



É gente, como a maioria dos leitores daqui sabem, uma das minhas paixões é viajar. Pois bem, esse ano as perspectivas para isso não são das melhores, dinheiro escasso, tempo escasso, precisando me dedicar aos estudos pra terminar a graduação e a pós, me dedicar a projetos de mestrado etc.

Então, como eu, provavelmente, não vou viajar muito, e muito menos para lugares longes, eu decidi começar uma nova categoria de posts aqui no blog, onde vou escrever sobre um dos lugares pelos quais já passei. Nesses posts pretendo escrever um pouco sobre o que eu lembro das percepções que tive do lugar, seu povo, seus hábitos, sua comida, seu cotidiano, os ônibus, a língua e a conversação, o consumo, tudo que eu puder lembrar. E de quebra ainda vou deixar uma foto que fiz do lugar.

Espero que vocês gostem, e se quiserem pedir para eu escrever sobre algum lugar que saibam que eu já fui, é só pedir nos comentários. ;)

domingo, 6 de dezembro de 2009

A supremacia do futebol carioca. NOT.

Tenho escutado muita gente falar do futebol carioca, neste fim de campeonato. E por isso resolvi escrever um curto balanço, segundo o meu ponto de vista, sobre o desempenho dos clubes esse ano no campeonato brasileiro.

Vasco: Não fez mais que a obrigação de voltar à série A. Teve algumas pequenas ameaças durante o campeonato, mas conseguiu sagrar-se campeão com algumas rodadas de antecipação, além de ter emplacado o artilheiro e a melhor defesa do campeonato. Nota: 9,5 (estava fazendo dependência)

Fluminense: Como sempre montou uma equipe que, no papel, merece o título brasileiro. Mas, mais uma vez teve um desempenho pífeo. Mas tomou vergonha na cara e conseguiu se reerguer, salvando-se do rebaixamento. Nota: 4,5 (foi pra final e tirou 6)

Botafogo: O fogo não prometeu nada, não assustou nada e se safou do rebaixamento. Campanha sem graça. Nota: 5,8 (O professor deu 0,2 pra ele passar)

Flamengo: O Flamengo começou o campeonato sem prometer nada, trouxe Adriano, mas não convenceu muito. Mas com a chegada do Pet melhorou muito, mas teve que contar com a incompetência de São Paulo, Inter, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Palmeiras para ser campeão. O flamengo fez a parte dele, e os outros, que estavam bem melhores, não fizeram. Nota: 8,7 (Na primeira prova se deu meio mal, mas na segunda prova, em grupo, Pet que conhecia do assunto chegou e fez a diferença. Teve a maior nota da sala porque todos os CDFs tiveram dor de barriga no dia da segunda prova.)

E você, o que acha?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Você samba no controlato, no controlato você samba

Ontem eu fui no show do grupo de samba Sururu na Roda, no teatro da UFF. nem preciso falar da qualidade de som, instrumental incrível, composto por dois na percurssão, uma no violão e uma no cavaquinho, e suas vozes incríveis também, fazendo acordes, cantando macio, cantando, chorando, construindo acordes, harmonizando. Lindo. porto-alegre-show-sururu-na-roda-santander-cultural

Mas o que me chamou muito a atenção foi a forma com que o espetáculo foi desenvolvido. Como já falei, ele aconteceu no teatro da UFF, portanto, poltronas, todos sentados, olhando admirados e contidos, com aplausos ao fim das músicas. Eu poderia falar aqui que o show aconteceu como uma ópera, mas os aplausos entre os “atos” não me permitem falar isso. Mas sem dúvida o formato foi totalmente europeizado, quase do mesmo jeito que se vê ópera. A minha vil visão sobre esses dois gêneros musicais é: Ópera, um espetáculo para cultos, não acessível para populares, vindo das côrtes européias e importado para o Brasil sem quase qualquer modificação; Samba, uma manifestação musical popular, que teve sua origem, na primeira primeira metade do século XX, em morros e favelas dos centros urbanos brasileiros.

O curioso disso foi que não existia nenhum segurança ou “lanterninha” pedindo para que as pessoas ficassem sentadas. Todos permaneciam sentados porque ali era um ambiente onde, aparentemente, deveria-se permanecer sentado. A característica principal do samba, que é a dança e toda aquela energia contagiante foi suplantada pelo ambiente onde ele estava.

Com meu pouco estudo sobre sociedades disciplinares e controle, e, consequentemente, de Foucault e Deleuze, eu posso falar que ali, naquele exato momento eu tive uma experiência claríssima de controle. Não existia nenhum poder disciplinador que punia quem não permanecesse sentado, mas a disciplina já havia sido internalizada por todos, acostumados com manifestações culturais que deve-se ficar sentado naquele ambiente, que permaneceram sentados a apresentação quase toda. Levantamo-nos somente na última música, pois já estávamos em pé aplaudindo, e assim permanecemos.

Todo o evento me incomodou muito, como vocês puderam perceber no meu texto. E uma dúvida me afligiu o tempo quase inteiro.

Como muitos sabem, o samba foi uma criação das classes populares e chocou muito as classes mais “favorecidas” com seu ritmo, suas letras e seus cantores. E a grande pergunta que não saiu da minha cabeça durante todo o tempo foi: Será que daqui a 60 ou 70 anos nós vamos estar sentados em algum auditório de alguma universidade ouvindo manifestações culturais como essa do vídeo abaixo, que tanto nos impressionam pelas suas letras e danças?

Caso alguma informação esteja equivocada no post, não hesite em comentar e apontar o meu erro, ok? Também estou aberto a qualquer tipo de debate. ;)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cuba Libre!

Vou fazer um segundo post sobre Cuba, mas não Cuba de Fidel ou Raul, sim Cuba do Rum!

Creio que muitos de vocês conhecem e já beberam este drink chamado Cuba Libre, tão mais fácil de se fazer quanto implantar o capitalismo naquele pequeno país caribenho, né?
Então, eu tava pensando na maldade do nome dessa bebida tão admirada pelo mundo.

A palavra "Cuba", se refere ao rum, que segundo o wikipedia:

O rum é uma bebida alcoólica obtida a partir da destilação do melaço. O rum é uma bebida secular, de características refinadas e aroma suave.

Originalmente, era produzido em Cuba (século XVI). Feito de canas frescas trituradas ou do seu melaço, a bebida começou a ser apreciada no século XVII, quando foi divulgada como um poderoso medicamento capaz até de “exorcizar os demônios do corpo”.

Já a palavra "Libre" se refere àquela bebida de tom negro com uma identidade vermelha e a garrafa tem uma cinturinha. Se refere a um dos ícones do capitalismo no mundo, a Coca Cola. Ainda segundo o wikipedia:
Durante as comemorações do 4 de julho de cada ano, o hábito de beber Coca-Cola é um ato simbólico de pró-americanismo, ou seja, de sentimento de aprovação da política e do modo de vida dos Estados Unidos da América por pessoas de outros países.
Então, qual é a maldade no nome do drink Cuba Libre? Cuba Livre é aquele sentimento cubano, aquele tempero caliente caribenho, regado à capitalismo e neoliberalismo. Para Cuba ser livre, Coca Cola nela!
Ainda no wikipedia, um pouco da historia do drink:

Cuba Libre é uma bebida feita à base de rum claro e refrigerante de cola, levando também o suco de meio limão.

Atribui-se a invenção desta bebida aos soldados norte-americanos que ajudaram nas guerras da independência cubana (1898). Explica-se, assim, o seu nome. Em alguns países, nomeadamente em Cuba, algumas pessoas referem-se-lhe carinhosamente como "una mentirita", devido ao facto de Cuba não ser verdadeiramente livre.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Repressão em Cuba, uma vergonha para o Brasil

Hoje, assim que acordei, vi um email na minha caixa de entrada do meu amigo Leonardo Lagden, que falava sobre a repressão à internet em Cuba. Eu estava escrevendo a resposta na nossa lista de emails mas achei muito pertinente trazer a discussão para o blog.
A matéria enviada você confere na citação abaixo:


REPRESSÃO EM CUBA À INTERNET!

(Carlos Lauria/Maria Salazar - El País - trechos, 21/09)

1. Cuba tem o índice de acesso mais baixo de todo o hemisfério ocidental. Segundo as estatísticas oficiais, só 13% da população tem acesso, uma cifra muito baixa, mas que os analistas acham que é menor ainda. São poucos os cubanos que têm ordenadores pessoais, já que os -artificialmente- altos preços impedem o acesso. Só podem conectar-se individualmente quem pagar com CUC -pesos conversíveis, em geral usados por estrangeiros.

2. As conexões têm que ser aprovadas pelo ETECSA (provedor estatal). Só um grupo de cubanos especiais pode navegar pela internet: intelectuais com vínculos com o governo ou com o partido, altos funcionários, alguns médicos em hospitais e acadêmicos em universidade. As senhas de acesso já são vendidas no mercado paralelo.

3. As notícias estão restringidas por uma comissão interministerial. Provedores autorizados devem adotar as medidas necessárias para impedir o acesso a sítios cujos conteúdos sejam contrários ao interesse social, a moral e bons costumes, assim como o uso de aplicações que afetem a integridade ou segurança do Estado. Uma hora de Internet em um hotel ou cybercafé vale 260 pesos, ou um terço do salário mínimo mensal em moeda interna.


Escultura de Oscar Niemeyer recentemente inaugurada em Cuba

Eu acho que essa noticia pode se mostrar como uma vergonha pro Brasil, e não pra Cuba. Todos sabem que eles vivem em uma ditadura ha anos que a repressao a qualquer manifestaçao ou comunicação nao permitida pelo estado é muito forte e, digamos, incisiva. Isso é sabido. E AINDA ASSIM 13% da população tem acesso a internet. Outra coisa que podemos supor é que a maior parte desses 13% é de intelectuais ou academicos ou pessoas ligadas ao partido (o que eu acho que nao eh tanta gente).

E no Brasil? O Brasil tem quase 65 milhoes (IBOPE Nielsen Julho 2009) de internautas. Lindo né? Não se pensarmos que isso representa só 33% dos quase 200 milhões (IBGE Julho 2009) que somos. O Brasil é um país livre, um país do capital, um país do futuro, ele deveria ter muito mais gente conectada, não? Eu, de verdade acho uma vergonha para o Brasil comparar com esses dados de Cuba.

Indo um pouco mais a fundo, qual a quantidade de brasileiros dos chamados classes C ou D (segundo o critério Brasil de pesquisa) que acessam a internet desses 33%, ou qual a quantidade de classes B ignorantes que nem se pretenderem intelectuais se pretendem? Quanto sobra de intelectuais ou dos que pretendem algo que desenvolva um mínimo de raciocínio ou de conhecimento que acessam a internet aqui nas terras tupiniquins? Quantos Cuba tem?

Claro que é uma suposição muito forte, mas eu arrisco falar que em números absolutos, talvez, essas quantidades se aproximem muito.