sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Oriximiná, Pará, Brasil


Um pouco da geografia:

Para começar a série, resolvi começar pela cidade de Oriximiná, que fica localizada no oeste paraense. A cidade, que é a princesa do Rio Trombetas, é pequena, e possui algo em torno de 50mil habitantes. O município, em área, é o 3º maior do mundo, ficando atrás apenas de um município na China e outro também no Pará.
A cidade é vizinha de Óbidos, a capital cultural da região. Este município possui 2 membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, Inglês de Souza e José Veríssimo.
Na região do oeste paraense existe um movimento que pretende criar um novo estado para aquela região, que muitas vezes é deixada de lado pelo Governo do Pará. O novo estado seria o Estado do Tapajós, e a capital Santarém.

Minhas percepções:

A cidade também possui as primeiras terras Quilombolas demarcadas do Brasil, o que foi uma vitória muito grande, esta população quilombola vive, em sua grande parte, nos rios Erepecuru, Erepecu e no Alto Trombetas, e são recheados de lendas e mitos, como o do boto, das cobras do Erepecu e Erepecuru, da igreja de ouro e muitos outros.
Oriximiná parece ser duas cidades dentro de uma, os que são da cidade e os que são do interior. As pessoas da cidade são muito simpáticas e receptivas, na cidade tudo é bem barato comparado ao custo de vida do Rio de Janeiro. No interior as pessoas rapidamente ficam muito íntimas e confiam muito em quem está lá com o status de pesquisador, elas são muito sinceras e carinhosas, nas comunidades o dinheiro não é algo tão necessário, eles vivem basicamente de extrativismo, o dinheiro se torna importante no relacionamento com a cidade, para comprar diesel, comidas que eles não plantam, remédios, motores e outros.
Algumas pessoas do interior vão estudar na cidade, percebi que tentam fazer cursos que sejam necessários ou úteis à comunidade, como cursos de saúde, para se tornar professor etc. Essas pessoas que vão estudar "fora" não veêm a hora de voltar para suas comunidades, elas quase não conseguem viver dentro da cidade, e sem suas casas tentam reproduzir um pouco da comunidade dentro da cidade.
O futebol carioca é muito presente nestas terras, e pude perceber, empiricamente, que o Vasco é o clube de maior aceitação lá, mas também existem muitos flamenguistas, são paulinos e corintianos. Naquela região eles torcem muito pelo São Raimundo, time de Santarém, recém promovido à série C, que sagrou-se campeão ao vencer o Macaé Sports, time da minha cidade aqui no Rio de Janeiro. Bela coincidência.

Porque Oriximiná?

Fui fazer um trabalho extencionista, através da minha faculdade, no Curso de Estudos de Mídia da Universidade Federal Fluminense. Quem me orientou e apoiou nessa empreitada foi a professora Ana Enne.

Como chegar:

Chegar à Oriximiná é mais que uma viagem, é uma missão. Saindo do sudeste brasileiro, pode-se ir até Manaus, Belém ou Santarém. E dessas cidades tomar um barco que vá até a princesa do trombetas. De Manaus demora-se algo em torno de 1 dia e meio de viagem, de Belém demora-se muito mais, e de Santarém eu não faço ideia.
Existe também a opção de tomar um pequeno avião em Santarém, através da Meta Linhas Aéreas.
Eu fiz o trajeto de barco partindo de Manaus, e foi uma ótima experiência. Ficar tanto tempo em um barco é bem legal. Mas infelizmente perigoso, frente aos vários acidentes que ouvimos histórias. Uma outra dica que deixo para viagens de barco é para tomar muito cuidado com seus pertences quando o barco atraca nos portos intermediários. Qualquer um pode entrar na embarcação e dizem que os roubos são uma constante. Felizmente não perdi nada.

Uma música



Veja também

Uma foto minha foi selecionada como "foto do dia" no site da Nationan Geographic Brasil.
O blog que escrevi durante o projeto ou o twitter do projeto
O portal do Ariuca

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um ano sem viagens



É gente, como a maioria dos leitores daqui sabem, uma das minhas paixões é viajar. Pois bem, esse ano as perspectivas para isso não são das melhores, dinheiro escasso, tempo escasso, precisando me dedicar aos estudos pra terminar a graduação e a pós, me dedicar a projetos de mestrado etc.

Então, como eu, provavelmente, não vou viajar muito, e muito menos para lugares longes, eu decidi começar uma nova categoria de posts aqui no blog, onde vou escrever sobre um dos lugares pelos quais já passei. Nesses posts pretendo escrever um pouco sobre o que eu lembro das percepções que tive do lugar, seu povo, seus hábitos, sua comida, seu cotidiano, os ônibus, a língua e a conversação, o consumo, tudo que eu puder lembrar. E de quebra ainda vou deixar uma foto que fiz do lugar.

Espero que vocês gostem, e se quiserem pedir para eu escrever sobre algum lugar que saibam que eu já fui, é só pedir nos comentários. ;)

domingo, 6 de dezembro de 2009

A supremacia do futebol carioca. NOT.

Tenho escutado muita gente falar do futebol carioca, neste fim de campeonato. E por isso resolvi escrever um curto balanço, segundo o meu ponto de vista, sobre o desempenho dos clubes esse ano no campeonato brasileiro.

Vasco: Não fez mais que a obrigação de voltar à série A. Teve algumas pequenas ameaças durante o campeonato, mas conseguiu sagrar-se campeão com algumas rodadas de antecipação, além de ter emplacado o artilheiro e a melhor defesa do campeonato. Nota: 9,5 (estava fazendo dependência)

Fluminense: Como sempre montou uma equipe que, no papel, merece o título brasileiro. Mas, mais uma vez teve um desempenho pífeo. Mas tomou vergonha na cara e conseguiu se reerguer, salvando-se do rebaixamento. Nota: 4,5 (foi pra final e tirou 6)

Botafogo: O fogo não prometeu nada, não assustou nada e se safou do rebaixamento. Campanha sem graça. Nota: 5,8 (O professor deu 0,2 pra ele passar)

Flamengo: O Flamengo começou o campeonato sem prometer nada, trouxe Adriano, mas não convenceu muito. Mas com a chegada do Pet melhorou muito, mas teve que contar com a incompetência de São Paulo, Inter, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Palmeiras para ser campeão. O flamengo fez a parte dele, e os outros, que estavam bem melhores, não fizeram. Nota: 8,7 (Na primeira prova se deu meio mal, mas na segunda prova, em grupo, Pet que conhecia do assunto chegou e fez a diferença. Teve a maior nota da sala porque todos os CDFs tiveram dor de barriga no dia da segunda prova.)

E você, o que acha?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Você samba no controlato, no controlato você samba

Ontem eu fui no show do grupo de samba Sururu na Roda, no teatro da UFF. nem preciso falar da qualidade de som, instrumental incrível, composto por dois na percurssão, uma no violão e uma no cavaquinho, e suas vozes incríveis também, fazendo acordes, cantando macio, cantando, chorando, construindo acordes, harmonizando. Lindo. porto-alegre-show-sururu-na-roda-santander-cultural

Mas o que me chamou muito a atenção foi a forma com que o espetáculo foi desenvolvido. Como já falei, ele aconteceu no teatro da UFF, portanto, poltronas, todos sentados, olhando admirados e contidos, com aplausos ao fim das músicas. Eu poderia falar aqui que o show aconteceu como uma ópera, mas os aplausos entre os “atos” não me permitem falar isso. Mas sem dúvida o formato foi totalmente europeizado, quase do mesmo jeito que se vê ópera. A minha vil visão sobre esses dois gêneros musicais é: Ópera, um espetáculo para cultos, não acessível para populares, vindo das côrtes européias e importado para o Brasil sem quase qualquer modificação; Samba, uma manifestação musical popular, que teve sua origem, na primeira primeira metade do século XX, em morros e favelas dos centros urbanos brasileiros.

O curioso disso foi que não existia nenhum segurança ou “lanterninha” pedindo para que as pessoas ficassem sentadas. Todos permaneciam sentados porque ali era um ambiente onde, aparentemente, deveria-se permanecer sentado. A característica principal do samba, que é a dança e toda aquela energia contagiante foi suplantada pelo ambiente onde ele estava.

Com meu pouco estudo sobre sociedades disciplinares e controle, e, consequentemente, de Foucault e Deleuze, eu posso falar que ali, naquele exato momento eu tive uma experiência claríssima de controle. Não existia nenhum poder disciplinador que punia quem não permanecesse sentado, mas a disciplina já havia sido internalizada por todos, acostumados com manifestações culturais que deve-se ficar sentado naquele ambiente, que permaneceram sentados a apresentação quase toda. Levantamo-nos somente na última música, pois já estávamos em pé aplaudindo, e assim permanecemos.

Todo o evento me incomodou muito, como vocês puderam perceber no meu texto. E uma dúvida me afligiu o tempo quase inteiro.

Como muitos sabem, o samba foi uma criação das classes populares e chocou muito as classes mais “favorecidas” com seu ritmo, suas letras e seus cantores. E a grande pergunta que não saiu da minha cabeça durante todo o tempo foi: Será que daqui a 60 ou 70 anos nós vamos estar sentados em algum auditório de alguma universidade ouvindo manifestações culturais como essa do vídeo abaixo, que tanto nos impressionam pelas suas letras e danças?

Caso alguma informação esteja equivocada no post, não hesite em comentar e apontar o meu erro, ok? Também estou aberto a qualquer tipo de debate. ;)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cuba Libre!

Vou fazer um segundo post sobre Cuba, mas não Cuba de Fidel ou Raul, sim Cuba do Rum!

Creio que muitos de vocês conhecem e já beberam este drink chamado Cuba Libre, tão mais fácil de se fazer quanto implantar o capitalismo naquele pequeno país caribenho, né?
Então, eu tava pensando na maldade do nome dessa bebida tão admirada pelo mundo.

A palavra "Cuba", se refere ao rum, que segundo o wikipedia:

O rum é uma bebida alcoólica obtida a partir da destilação do melaço. O rum é uma bebida secular, de características refinadas e aroma suave.

Originalmente, era produzido em Cuba (século XVI). Feito de canas frescas trituradas ou do seu melaço, a bebida começou a ser apreciada no século XVII, quando foi divulgada como um poderoso medicamento capaz até de “exorcizar os demônios do corpo”.

Já a palavra "Libre" se refere àquela bebida de tom negro com uma identidade vermelha e a garrafa tem uma cinturinha. Se refere a um dos ícones do capitalismo no mundo, a Coca Cola. Ainda segundo o wikipedia:
Durante as comemorações do 4 de julho de cada ano, o hábito de beber Coca-Cola é um ato simbólico de pró-americanismo, ou seja, de sentimento de aprovação da política e do modo de vida dos Estados Unidos da América por pessoas de outros países.
Então, qual é a maldade no nome do drink Cuba Libre? Cuba Livre é aquele sentimento cubano, aquele tempero caliente caribenho, regado à capitalismo e neoliberalismo. Para Cuba ser livre, Coca Cola nela!
Ainda no wikipedia, um pouco da historia do drink:

Cuba Libre é uma bebida feita à base de rum claro e refrigerante de cola, levando também o suco de meio limão.

Atribui-se a invenção desta bebida aos soldados norte-americanos que ajudaram nas guerras da independência cubana (1898). Explica-se, assim, o seu nome. Em alguns países, nomeadamente em Cuba, algumas pessoas referem-se-lhe carinhosamente como "una mentirita", devido ao facto de Cuba não ser verdadeiramente livre.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Repressão em Cuba, uma vergonha para o Brasil

Hoje, assim que acordei, vi um email na minha caixa de entrada do meu amigo Leonardo Lagden, que falava sobre a repressão à internet em Cuba. Eu estava escrevendo a resposta na nossa lista de emails mas achei muito pertinente trazer a discussão para o blog.
A matéria enviada você confere na citação abaixo:


REPRESSÃO EM CUBA À INTERNET!

(Carlos Lauria/Maria Salazar - El País - trechos, 21/09)

1. Cuba tem o índice de acesso mais baixo de todo o hemisfério ocidental. Segundo as estatísticas oficiais, só 13% da população tem acesso, uma cifra muito baixa, mas que os analistas acham que é menor ainda. São poucos os cubanos que têm ordenadores pessoais, já que os -artificialmente- altos preços impedem o acesso. Só podem conectar-se individualmente quem pagar com CUC -pesos conversíveis, em geral usados por estrangeiros.

2. As conexões têm que ser aprovadas pelo ETECSA (provedor estatal). Só um grupo de cubanos especiais pode navegar pela internet: intelectuais com vínculos com o governo ou com o partido, altos funcionários, alguns médicos em hospitais e acadêmicos em universidade. As senhas de acesso já são vendidas no mercado paralelo.

3. As notícias estão restringidas por uma comissão interministerial. Provedores autorizados devem adotar as medidas necessárias para impedir o acesso a sítios cujos conteúdos sejam contrários ao interesse social, a moral e bons costumes, assim como o uso de aplicações que afetem a integridade ou segurança do Estado. Uma hora de Internet em um hotel ou cybercafé vale 260 pesos, ou um terço do salário mínimo mensal em moeda interna.


Escultura de Oscar Niemeyer recentemente inaugurada em Cuba

Eu acho que essa noticia pode se mostrar como uma vergonha pro Brasil, e não pra Cuba. Todos sabem que eles vivem em uma ditadura ha anos que a repressao a qualquer manifestaçao ou comunicação nao permitida pelo estado é muito forte e, digamos, incisiva. Isso é sabido. E AINDA ASSIM 13% da população tem acesso a internet. Outra coisa que podemos supor é que a maior parte desses 13% é de intelectuais ou academicos ou pessoas ligadas ao partido (o que eu acho que nao eh tanta gente).

E no Brasil? O Brasil tem quase 65 milhoes (IBOPE Nielsen Julho 2009) de internautas. Lindo né? Não se pensarmos que isso representa só 33% dos quase 200 milhões (IBGE Julho 2009) que somos. O Brasil é um país livre, um país do capital, um país do futuro, ele deveria ter muito mais gente conectada, não? Eu, de verdade acho uma vergonha para o Brasil comparar com esses dados de Cuba.

Indo um pouco mais a fundo, qual a quantidade de brasileiros dos chamados classes C ou D (segundo o critério Brasil de pesquisa) que acessam a internet desses 33%, ou qual a quantidade de classes B ignorantes que nem se pretenderem intelectuais se pretendem? Quanto sobra de intelectuais ou dos que pretendem algo que desenvolva um mínimo de raciocínio ou de conhecimento que acessam a internet aqui nas terras tupiniquins? Quantos Cuba tem?

Claro que é uma suposição muito forte, mas eu arrisco falar que em números absolutos, talvez, essas quantidades se aproximem muito.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Marcas bem estabelecidas


Ainda agora eu vi um post de uma campanha publicitária que usa esse gadget aí em cima pra mostrar coisas. Pela primeira vez na minha vida percebi que ele não tem logomarca alguma na sua frente, somente uma pequena logomarca em seu verso. Pensei: "Que burrada não colocar a marca na frente. Todos usam esse aparelho em campanhas e nunca a marca é veiculada". Mas não é nada necessário, porque a marca já está muito bem estabelecida e não existe a mínima necessidade em mostrar mais a marca, porque todos já sabem quem o fabrica. Talvez, com a marca estampada na frente acontecesse como aconteceu com o Nokia N95 nas propagandas do Banco do Brasil, que eles apagavam o pequeno escrito "nokia" da frente do celular.

Agora, não leia novamente o post e me diga duas coisas: Que marca é essa? Quantas vezes eu falei o nome dela?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Se a cauda é longa, o pescoço também deve ser

Provavelmente todos que leem este blog conhecem a teoria da cauda longa, do Chris Anderson, que recentemente lançou seu mais novo livro na internet, e de graça, ele se chama Free.
Bom, sua teoria da cauda longa fala do mercado de nichos e de como, com o desenvolvimento do e-commerce, os hits podem não vender mais que os produtos específicos de nicho, e como é lucrativo para as lojas virtuais venderem todos os tipos de produto, uma vez que não é necessário o espaço físico da loja ou até mesmo os estoques, eles podem ser sob demanda ou descentralizados. Em resumo a teoria fala isso (posso ter cometido algum erro, me desculpem, para mais, consulte o blog do Chris sobre esse assunto, ele se chama The Long Tail).
Então, comecei a pensar sobre o lado do artista que quer vender. Muitas bandas colocam suas músicas no MySpace, e só. Algumas vezes elas esquecem dos nichos de mercado que poderiam explorar, canais de audio específicos de seu publico, onde, talvez, seu trabalho pudesse ser mais divulgado.
Por mais que existe o espaço de promoção que é o hit, existem os outros, de nichos. Então, acho, que se a cauda é longa, o pescoço também deve ser. Principalmente no lado artístico e não de consumo de produtos, os produtores de conteúdo devem se preocupar em divulgar em todos os espaços destinados a isso, no caso da música eu digo, MySpace, LastFM, Deezer, Blip.fm, Orkut, TUDO!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Projeto Oriximiná e seus Olhares

Como uma grande parte de vocês já sabe, amanhã cedinho eu pego o voo para Oriximiná/PA. Lá eu vou realizar um projeto chamado "Oriximiná e seus Olhares" sob orientação da professora Ana Enne. Esse projeto pretende fotografar a região de Oriximiná, onde a UFF possui uma unidade avançada, criando um banco de dados de imagens para a UFF, além de oferecer uma oficina de olhar fotográfico para a comunidade, onde eles terão a oportunidade de conhecer um pouquinho do universo da fotografia. Também vou realizar algumas entrevistas com a população procurando descobrir como é que eles veem a própria cidade. E o melhor é que essa viagem toda será mediatizada, usando blog e twitter como ferramentas de suporto e de interação com vocês!


No blog eu postarei textos mais longos, fotos, as fotos que os locais fizerem também e qualquer outras produção que se mostre pertinente no momento. Espero conseguir fazer pelo menos um post diário para satisfazer as necessidades de voyeur de todos.
Já o twitter narrará quase que instantaneamente o meu cotidiano, mostrando o que está acontecendo o que eu pretendo naquele momento e o que eu estou fotografando, para mais tarde vocês poderem ver essas fotos e algum texto no blog.
Então eu conto com a participação de todos como público leitor e quem sabe até contribuinte, sugerindo imagens, angulos e perspectivas. por que não?


O endereço do blog é:
http://olharoriximina.blogspot.com
http://www.twitter.com/olharoriximina


ps.: Vale lembrar que todas as fotos que eu incluir no blog estão sob uma licensa de copy left, caso queiram reproduzí-las em qualquer meio/veículo, bastar me citar como fotógrafo. ;)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A cultura do Free

Já dizia o velho ditado: "Não existe almoço grátis". Mas o termo "velho" cai muito bem aí, parece que algo está mudando em nossa economia, parece que agora a cultura do free impera.
Na semana passada eu estava conversando com alguns amigos sobre essa mudança de paradigma econômico, que agora as pessoas se recusam a pagar por alguns tipos de serviços, principalmente os serviços online. Quem que lê este blog que paga algum serviço online?
Eu, pessoalmente, pago somente o flickr e acredito que me recusaria a pagar algum outro seviço online. Há algum tempo atrás rolou um buzz muito grande no ciberespaço devido a uma decisão da last.fm. O site decidiu cobrar uma taxa, aproximadamente R$6,00 por mês, para usuários de alguns países. Isso, por motivos óbvios, incluiu o Brasil, país onde todos queremos almoço grátis o tempo todo, principalmente no mundo virtual. Eu não acho que esse preço seja abusivo. Acho muito compatível com o poder aquisitivo de um classe média brasileiro que tenha uma banda larga e que escute música de todos os mais variados ritmos o dia todo.
Bom, continuando o raciocício da mudança de paradigmas sócio-econômico-culturais, em debate com um amigo, formado em história, ele levantou uma hipótese de que nada mudou. Que tudo continua a mesma coisa: as pessoas querem tudo pelo menor preço, e esse preço agora é o grátis.
Algumas correntes defendem que existe o banditismo (não aquele banditismo por falta de comida, sim aquele para ter o seu iPod, celular, Nike Shox etc, por questão de moda) porque o "cidadão" é hiperestimulado a consumir tudo aquilo o tempo todo, e como ele não possui um poder aquisitivo compatível para o consumo, a forma que ele encontrou de consumir foi roubando de quem pode consumir.
Então, nós todos somos hiperestimulados a consumir. Vemos placas de promoções o tempo todo, sempre dizendo que o preço é o menor, que parcela-se em 200x, que cobre-se qualquer oferta. A propaganda, o contexto e a nossa cultura nos faz querer consumir tudo o tempo todo, num frenesi alucinado (redundante, mas na cultura do hiperestímulo é permitido). E o ciberespaço não é diferente, e mais, é mais fácil conseguir algo grátis, como opções de software livre e ferramentas que rodam na nuvem de conexões. E se não existe grátis, é fácil, rouba-se, a pirataria está aí. Crackers quebram códigos de programas caríssimos o tempo todo.
Acha tudo uma palhaçada? O youtube deve ter um prejuízo de U$174,2 milhões este ano. Agora imagine a internet SEM o youtube, nossa globo, a fazenda, BBB, jeremias muito doido, tapa na pantera e outros. Imagine o youtube pago! Impossível.
Fato é que nossa economia muda um pouco, como tudo ela é levada ao seu extremo de consumo. E, coincidência ou não, o Chris Anderson, autor do livro "A Cauda Longa", lançou seu mais novo livro, entitulado "Free", disponibilizado também de forma free.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Futebol e religião

Um assunto que entrou em pauta ultimamente foi a questão de alguns jogadores brasileiros terem comemorado a vitória da Copa das Confederações através de um "culto" religioso no centro do campo. E isso despertou um incômodo principalmente no órgão maximo do futebol na Dinamarca, um país laico.

A notícia completa você confere aqui.

Comecei a pensar sobre o assunto. A primeira coisa que pensei foi: "Poxa, tudo bem, eles só rezaram, praticaram a sua religião ali. Quem acredita em algo tem o direito de agradecer a quem acha que tem que agradecer." Não tenho religião, mas respeito todas as religiões e suas práticas.
Então eu comeci a ir além no meu raciocínio e imaginei um muçulmano estendendo o tapete dentro de campo, virado pra Meca e começando a rezar. Todos sabemos que depois das Torres Gêmeas, os muçulmanos nunca mais serão vistos como amistosos. Mas tudo bem, ele só ajoelhou e começou a rezar, não tinha nenhuma bomba amarrada nem nada.
Mas fui ainda mais além e pensei em religiões menores, e pensei na seleção jamaicana. Suponha que os jogadores fossem Rastafaris e começassem a fumar maconha, o que a moral da sociedade acharia? Ou que alguns brasileiros fossem do culto do Santo Daime e começassem a ter alucinações dentro de campo (após o jogo, claro)? Ou até mesmo um exemplo mais proximo de nós, imaginem a umbanda e o candomblé, que por algumas vezes sacrificam animais em seus cultos. O que seria do PETA (que foi contra o Obama matar uma mosca) e do mundo ocidental se sacrificassem um bode no centro do campo!
Muitos vão dizer que essas manifestações não são religiões. Quem sou eu pra dizer o que é e o que não é religião? Ou mais, o que define que um culto tem o status de religião?

Então, é válido permitir cultos no esporte só porque eles estão dentro dos padrões morais ocidentais? Proibe-se tudo? Libera-se tudo?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Publicidade Hermana

É gente, acho que tenho acredito que algumas pessoas entram aqui, e acho que o twitter tem sido uma ótima forma de divulgar, mas indo ao que interessa…

Eu gosto pra caramba de publicidade argentina. Acho que elas são muito criativas, são engraçadas, a estética é muito bonita, algo meio retrô, mas ao mesmo tempo contemporâneo, nem antigo ni viejo, e até mesmo a redação (que não percebo muito) me agrada. Acho que ela consegue chegar muito perto das pessoas, do seu cotidiano, das coisas que pensamos mas não falamos.

Não sei se isso é coisa de publicidade argentina em geral ou se é a estética que a BBDO de lá adotou… Mas gosto, gosto mesmo.

Deixo aqui em baixo 4 vídeos que eu acho espetaculares.

Doritos – Que vuelvan los lentos (BBDO)

 

Sprite – Las cosas como son (acredito que seja BBDO também)

 

Não se atenham a esses vídeos, todos os vídeos de ambas as campanhas valem muito a pena ver e renderão momentos de prazer. ;)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Duas cabeças pensam melhor que uma.

Não muito raro, em algumas empresas sem experiência em design e criação, você vê o profissional de criação trabalhando sozinho. Isso aconteceu comigo em todos os lugares que estagiei até hoje (não que tenham sido muitos os lugares, como você pode ver no meu curriculum). Em todas essas vezes eu senti muito a falta de alguém da minha mesma área para criar, outras pessoas me ajudaram muito com críticas, sem querer desmerecê-las, mas elas eram desenvolvedoras de sistemas, jornalistas, programadoras, pscicólogas etc, mas nenhum designer ou alguém que pretendia fazer criação na vida (não vale pensar em um fazendeiro aqui).
Duas pessoas criando juntas, o que rola? Elas falam besteira, elas brincam, se sacaneiam, dão pitacos no trabalho da outra, fazem brainstorm, riem. Uma pessoa criando sozinha, o que rola? Ela fica sentada em frente ao pc, olha trabalho dos outros, lê blogs, conversa no msn. Uma pessoa sozinha não tem quem critique o trabalho dela, não tem quem ajude a desenvolver pontos fracos, tudo que está na tela é o gosto dela e o que ela acha q deve ser o trabalho, nesse caso só a opinião dela importa.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ponta de cigarro também é lixo.

O cigarro. Não escondo que tenho um nojo profundo em relação a ele, não escondo que odeio sentir o fedor quando tem alguém fumando do meu lado e minha vontade é de dar um tapão no cigarro dessa pessoa, não escondo que eu acho que cada pessoa que resolva fumar, deveria andar com um cubículo fechado em si mesmo para fumar e não encher o saco de quem não fuma e não gosta do cheiro. Também acho um absurdo existir uma lei federal que proiba o fumo dentro de ambientes públicos fechados, mas que todo mundo ache super normal sentir o fedor de um cigarro dentro de boites ou bares.

Deixo alguns dados sobre fumo que peguei de uma reportagem no G1:

  • “Atualmente, 18,8% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante.”
  • “No Brasil, 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo.”
  • “… fumantes passivos têm um risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular e 30% mais chances de ter câncer de pulmão.”

Mas deixando minha indignação contra o cigarro de lado, eu queria falar de uma coisa simples, a ponta do cigarro. Eu poderia dar outra estatística aqui e falar que 98% das pessoas que fumam acham que aquela pontinha que sobre não é lixo e jogam elas naturalmente no chão, no lugar que estejam.

Como a maioria dos leitores daqui sabe, eu estudo no IACS, e sou orgulhoso de estudar lá e saber que existem muitas pessoas “antenadas” que se importam com movimentos sociais, se importam com poluição, com natureza. Mas é muito frequente ver algum fumante, lá, jogar essa pontinha de cigarro no chão. Sempre que vejo isso eu sinto uma raiva profunda! Quando minha mãe joga do meu lado eu também sinto uma raiva grande, mas já consegui ensinar a ela que aquilo também é lixo, então ela apaga direitinho e joga no lugar correto: uma lixeira.

Deixo aqui meu pedido encarecido para todos, fumantes ou não fumantes. Eduquem (-se)! Ponta de cigarro também é lixo!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fluxo de trabalho, qual é a melhor solução?

Eu estava conversando com meu amigo Sávio e discutindo sobre o fluxo de trabalho de criação em design. Chegamos a conclusão de que é um problema MUITO grande o cliente chato, que aprova layout, liga, desaprova, muda isso e aquilo, você refaz, ele não gosta de algo, você refaz, ele não gosta, você refaz, ele não gosta, você refaz, ele manda cancelar o serviço. Duas semanas depois você vê um layout com ele IGUAL ao seu, que ele levou a idéia para o sobrinho dele produzir.

Como evitar isso? Pensei em duas estratégias.

Com o design e redesign:

  1. Faço o layout de três peças e apresento ao cliente;
  2. Ele mostra que layout prefere e dá as opiniões;
  3. Refaço o layout e reapresento, ele dá as opiniões;
  4. Refaço o último layout e apresento;
  5. Se ele quiser outro redesign, ele paga um certo valor por isso.

Com o roubo da idéia:

  1. Entro com uma ação na justiça, pois tenho toda a criação com datas e assinaturas dele e espero um processo lento;
  2. Peço um “sinal” para o trabalho, algo em torno de 40%.

Claro que isto vale para clientes pequenos, maldosos etc. Com outros clientes que paguem melhor e estejam acostumados com este tipo de trabalho seria mais fácil, creio.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nokia 5800 - Comes with Music

Eu estava vendo televisão agora e me deparei com uma propaganda desse Nokia 5800 – Comes with Music. A campanha fala que ao adquirir este aparelho você vai poder baixar milhões de músicas grátis. Ao acessar o site da campanha, vi q este celular, nestes padrões está disponível no Brasil, Austrália, Alemanha, Itália, México e Cingapura. Se pararmos pra pensar, mesmo sem uma análise muito aprofundada, a maioria dos países são países onde as pessoas tem costume de comprar música, ao invés de somente baixar as MP3 da internet.

A primeira pergunta que eu fiz quando acabou a propaganda foi: “Mas o brasileiro não já baixa música grátis? Qual o diferencial desse celular então?”. Alguém pensou na cultura do brasileiro antes de importar essa campanha assim?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Playing for a Change

Acabei de receber no email um projeto que achei absolutamente fantástico. Uma equipe filma e capta o som com perfeição de pessoas tocando uma mesma música, em diversos lugares ao redor do globo, transmitindo uma mensagem de paz.

A qualidade da música produzida é incrivelmente alta. As vezes eu digo que prefiro o “cover” ao original, mas nesse caso aí, é melhor que qualquer original ou qualquer cover que posso existir.

Congo, Africa do Sul, Estados Unidos, Holanda, Israel, Nepal, França e Itália são alguns dos países presentes nas filmagens. E os instrumentos utilizados são os mais diversos: coros, saxofone, baixo, guitarra, violão, cítara, atabaques entre outro que eu nem mesmo sei o nome.

Confira o site com todos os vídeos:  http://www.playingforchange.com/

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Futebol e a Cerveja

Fazia tempo que não ia ao Maracanã, mas neste último sábado estive lá para prestigiar uma das semi finais da Taça Rio, entre Vasco e Botafogo.
Ao chegar no entorno do estádio Mário Filho, uma das primeiras cenas que vi foi a de um homem com um isopor pendurado em seu pescoço vendendo uma latinha para dois outros rapazes que chegavam para assistir o jogo. De surpresa chegam dois guardas municipais e o homem com isopor leva um susto e aparentemente começa a se explicar para os guardas, então, um dos guardas enfia a mão dentro do isopor e pega uma latinha e logo após este fato manda o homem com isopor embora, e ele sai correndo desesperado. Neste momento eu já estava pensando que ele havia roubado aquela latinha para beber e estava xingando-o de todos os nomes feios e sujos existentes na face da terra. Mas então que ele pega a latinha, atira ao chão e pisa com toda sua força, explodindo a lata e espirrando aquele líquido em todos q estavam em volta.
Bom, esta foi uma forma de repressão adotada pelos agentes da guarda, que deveriam coibir a venda de bebidas no entorno do estádio. E, ao invés de confiscar toda sua mercadoria, confiscaram apenas uma, mandaram o ambulante embora e destruiram aquele item (Aqui não pretendo debater se a ação dele foi correta ou não). Pouco depois fui perceber que aquilo que ele destruiu era uma lata de cerveja. E ligando os fatos de notícias antigas que leio, me lembrei que é proibido vender bebidas alcoólicas em estádios de futebol e suas redondezas.
Assim que entrei no estádio também foi engraçado. Fui comprar um refrigerante e vi na placa de preços algo escrito desta forma: "Cerveja S.A. - R$3,00". Pensei eu em minha total inocência, "seria este SA Sociedade Anônima?", mas não esta sigla quer dizer "Sem Álcool". É mais uma vez a lei sendo posta em prática no estádio.
Assim que me encaminhei para a arquibancada a primeira coisa que vi no campo, depois daquele verde todo, foram uma placas vermelhas com um texto em amarelo (no melhor estilo excitação capitalista) que dizia "Itaipava". Curioso, não? É proibida a venda de bebidas alcoólicas no estádio, mas a sua propaganda está ok? Algum de vocês (se é que alguém lê isso) já assistiu jogo em algum buteco pé sujo de esquina? Já viu como os ânimos ficam tão aflorados quanto ao de pessoas que estão em um estádio? Então qual é a diferença entre se vender cerveja no estádio e estimular visualmente milhares ou milhões de pessoas que estão vendo o jogo em butecos e bebendo cerveja (e não Itaipava)? Não seria o caso de se proibir o patrocínio aos esportes de cervejas? Ou para este caso abre-se uma exceção como o que foi feito para o Cigarro na Fórmula 1?

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